De acordo com os resultados dos censos realizados em 2011, a freguesia de Chão de Couce contava com 1 992 habitantes.
A freguesia de Chão de Couce situa-se na parte sudeste do concelho de Ansião, enformada entre as seguintes freguesias: a norte, Cumieira, do concelho de Penela, e Lagarteíra, do concelho de Ansião; a oeste, a sede concelhia, Ansião; a sul e sudoeste, Pousaflores; a este, a conterrânea Avelar e a fregueses da Aguda, de concelho de Fígueiró dos Vinhos; e a sudeste, Maças de D. Maria, do concelho de Alvaiázere.
As serras que pertencem à Freguesia, na, totalidade ou em, parte, são a Serra da Nexebra, localizada a sul (com 473 na); a Serra da Mata, a sudoeste (422 m); a Serra da Ameixieira, a oeste, com vários cumes (perto do Casal Soeiro atinge os 492 m, acima do lugar da Ameixieira, os 445 m, e perto do lugar da Serra do Mouro, os 407 na); e a, noroeste, a Serra dos Carrascos, também conhecida como Serra dos Carvalhos (com 349 m).
Do lado nascente destas serras, espraia-se uma longa e fértil planura, a Baixa de Chão de Couce, cortada quase a meio pela antiga Estrada Nacional 110, que a percorre no sentido Sul-Norte; e atravessada, na parte Norte, pelo Itinerário Complementar 8, no sentido Oeste-Este.
Embora de pequeno caudal, porque nascem ali perto, nas dobras das serras, várias são as linhas de água que atravessam a várzea de Chão de Couce, sendo de destacar os Ribeiros da Serra do Mouro (também chamado da Amieira) e de Chão de Couce.
A Freguesia engloba, na zona da Serra, os lugares de Alqueidão, Ameixieira, Casal Soeiro, Furadouro, Lagoa, Maxial (parte de Chão de Couce), Ribeirinho, Serra, Serradinhos e Serra do Mouro.
Na Baixa de Chão de Couce, encontram-se os lugares de Amieira, Bacelinhos, Barroca, Cabecinho, Casal de Baixo, Chão de Couce, Câmaras, Corga, Fonte, Eiras, Espinheira, Galegas, Lameiras, Moita, Outeiro da Mó, Pedra do Ouro, Pinheiro, Poeiro, Pombais, Pontão, Pente do Freixo, Portelanos, Quinta de Baixo, Quinta de Cima, Ramalha, Relvas, Salgueiral, Serrada da Mata, Tojeira, Trás da Vinha, Venda Nova (parte de Chão de Couce) e Vila Pouca.
Latitude
39°53'32.71"N
Longitude
8°22'5.71"W
ECONOMIA
As principais actividades económicas da freguesia de Chão de Couce são: agricultura, extracção de pedra, indústria de madeira de mármore, de sinalização vertical, de alumínios, gráfica e serralharia, comércio e serviços.
A situação actual, no que respeita ao comércio, ocupando nesta actividade cerca de um terço da população activa, evidência um maior dinamismo, a que não é estranho o facto da Zona Industrial de Ansião se situar no Camponês, totalmente dentro da freguesia de Chão de Couce.
Num passado distante a actividade comercial era bastante restrita em Chão de Couce, limitava-se aos dias das romarias, a um ou outro estabelecimento comercial na vila e numa ou noutra aldeia mais populosa.
A produção excedentária era vendida pelos próprios nas "praças" de Ansião ou Avelar, nos dias de mercados e feiras, ou a comerciantes ambulantes que passavam nas aldeias à procura do que havia para vender, quer da produção agrícola quer da pecuária.
Em meados do século XIX, o Secretário do Governo Civil de Leiria, D. António de Sousa Macedo, referindo-se à ocupação da população activa, indica os seguintes números para o pessoal do comércio, em todo o concelho de Chão de Couce: 1 contratador de gado cavalar; 1 estalajadeiro; 4 donos ou sócios de mercearias; 5 caixeiros e marçanos; 8 padeiras; 16 taberneiros e 1 tendeiro. Trata-se de um número bastante baixo, com a agravante da sua maioria estar afecta à vila do Avelar.
Um dos produtos da pecuária, para além dos próprios animais, dos ovos e do queijo, era a lã, que normalmente era comercializada pelas portas. No tempo da Primeira Guerra Mundial, houve uma certa restrição às suas exportações pela dificuldade do seu transporte. Mal a Guerra terminou, o Padre Manuel Mendes Gaspar, Pároco de Chão de Couce e Presidente da Comissão Administrativa Municipal de Ansião, enviou uma representação ao Governo a pedir que fosse decretada a livre exportação e comércio externo das lãs, dada a situação aflitiva por que passava a indústria e comércio das lãs no concelho (cf. O Figueiroense, de 21.12.1918, p. 2). Esta atitude mereceu a concordância de muita gente. A propósito, escreve O Figueiroense refere o seguinte: «É uma atitude que merece todo o nosso aplauso e a que o governo deve attender com a urgência que o caso reclama para evitar que mais se aggrave esta medonha crise por que passa a industria e o commercio das lãs evidentemente provocada pela súbita terminação da guerra e pela impossibilidade em que se encontram os actuaes detentores de lã de a poderem negociar com os commerciantes estrangeiros». O mesmo jornal, na edição seguinte (28.12.1918, p. 1), já apresenta a reacção do governo: «O governo, no proposito certamente de atenuar tanto quanto possível a terrivel crise por que passa o commercio das lãs no nosso paiz, determinou o seu manifesto obrigatorio para todos aqueles que no dia 21 do corrente tivessem em seu poder qualquer porção de lã. /Esse manifesto é feito por meio de declarações entregues, até ao fim deste mel aos regedores das freguesias a que pertençam os detentores e as suas quantidades serão determinadas em quilogramas, devendo os detentores, que forem industriaes, declarar se a lã que possuem é destinada ao seu fabrico, e satisfaz ou não as necessidades».
Enquanto não houve feiras ou mercados regulares em Chão de Couce, os seus moradores deslocavam-se às vilas mais próximas, com um maior desenvolvimento comercial, Avelar e Ansião. A primeira Feira Mensal criada em Chão de Couce, só o foi já no decurso do século XX, mais concretamente em 1909, pelo Padre Manuel Mendes Gaspar, que era, ao tempo, o Presidente da Câmara de Ansião.
Dez anos mais tarde, realizaram-se, temporariamente, dois mercados na freguesia de Chão de Couce, um na sede da freguesia, outro na Pedra do Ouro. Foi depois da expulsão do Padre Manuel Pedro Sousa Ribeiro (Abril de 1919), da Paróquia de Ansião. Como o referido Padre era natural da Pedra do Ouro, muitos dos seus antigos paroquianos visitavam-no regularmente naquela localidade, e aproveitavam a deslocação para fazerem aí as suas compras que habitualmente faziam em Ansião. Na sede do concelho o comércio começava a definhar, enquanto aqui se desenvolvia cada vez mais. É o que informa o jornal de Lisboa, A Época (de 10.5.1919, p. 2), onde a certa altura se escreve o seguinte: «Em compensação o comércio da freguezia de Chão de Couce, onde reside o parocho de Ancião, tem feito excelente negocio, e naquela freguezia tem-se realizado todos os domingos dois excelentes mercados: um na Pedra do Ouro, perto da casa do parocho de Ancião e outro no largo da igreja matriz daquela freguezia».
Entretanto, a Feira Mensal criada em 1909 mantinha-se e realizar-se-ia ainda durante muitos anos, e com grande afluência de povo. Mas, a partir de certa altura, foi esmorecendo e acabou por se extinguir. No entanto, no dia 19 de Outubro de 1941, 3.º domingo do mês, foi restaurada, graças ao empenho de uma Comissão de Moradores da vila.
A Regeneração, de 8 de Novembro de 1941, traz a notícia, onde a dado momento, se lê o seguinte: «Esse dia de feira ficou recordado por todos, pois que foram numerosíssimas as transacções tanto em gados, como em fazendas, ourivesaria, quinquilharia, louças, cereais, hortaliças, aves, ovos, etc., tendo todos os negociantes saído com as melhores impressões, dadas as providências que a Comissão tinha tomado para que nada faltasse, como alojamentos, pensões, madeiras para armações e dispositivo da feira, pois tudo foi disposto em lugares apropriados, dando ao local da feira, que é o grande terreno do adro, um aspecto deveras interessante. / Já estão a ser distribuídos os programas para a próxima feira que se realiza no 3.º domingo de Novembro (dia 16) tendo a Comissão a esperança de que esta seja ainda melhor do que a anterior».
Esta Feira Mensal que se realizava no 3. Domingo de cada mês, passou a fazer-se ao 3.º Sábado, a partir do Verão de 1948, mais concretamente a partir do dia 17 de Julho desse ano. Essa alteração foi comunicada ao Presidente da Câmara de Ansião, pelo Presidente da Junta de Freguesia de Chão de Couce, José Augusto Lopes do Rego, em carta datada de 15 de Junho de 1948, cujo conteúdo era o seguinte: «Em resposta ao ofício de V. Ex., n. 680 de 12 do corrente, cumpre-me informar que, ouvida a opinião de várias pessoas que me pareceram idóneas, foi resolvido que a feira mensal nesta freguesia se realize no terceiro sábado de cada mês». A referida mudança parece ter produzido bons resultados, segundo noticia O Mensageiro (de 29 de Julho de 1948, p. 3): «Realizou-se no passado dia 17 nesta vila a Feira Mensal que agora passou a efectuar-se nos 3.os sábados de cada mês. / Contra a espectativa de todos esta feira não só não teve menos concorrência que as efectuadas aos domingos como até as sobrelevou sensivelmente em tudo, principalmente no número de transacções feitas./ O povo desta localidade mostra-se por isso bastante satisfeito com o facto».
No período da Primeira República, embora não se saiba ao certo quantos comerciantes existiam na freguesia, o Livro de Actas da Câmara de Ansião, referente ao ano de 1923 (fls. 46 e 46v.), quando menciona os nomes dos cidadãos que fazem parte das Comissões nomeadas de acordo com o decreto 8.830 de 16 de Maio de 1923, indica os seguintes para a freguesia de Chão de Couce: comerciantes a retalho — João Pedro de Sousa e José Men-des Lima; indústria fabril — Dr. José Alexandrino Craveiro Feio e João Gaspar; indústria não fabril — Manuel Simões da Silva Rosas e Alberto Simões Santo. É evidente que se trata apenas de comissões representativas desses sectores de actividade, e não da listagem das pessoas que exercem essa actividade.
O Jornal O Cavador, que se publicou nos anos de 1911 e 1912, é neste aspecto omisso, apenas publica dois anúncios referentes a Chão de Couce: um do médico Dr. António Cânova, colaborador do jornal; outro de António Fernandes de Sousa Ribeiro, administra-dor do jornal. O primeiro anúncio diz o seguinte: «Consultorio em Chão de Couce / DR. ANTONIO CANO VAS / Medico pela Universidade de Coimbra/ consultas/ e/ chamadas a toda a hora»; o segundo, tem o seguinte texto: «Antonio Fernandes de Sousa Ribeiro / Correspondente de varios bancos nacionaes e estrangeiros/ Pedra do Ouro, CHÃO DO COUCE / Estabelecimento Comercial, Mercearia, Tabacos, Fazendas, Ferro em barra. Ferragens e grande deposito de adubos quimicos / formulas especiais para adubações adequadas à cultura e à natureza da terra /Agentes das motocyclettes F. N.»
Ainda durante a Primeira República, surgiu uma nova experiência na distribuição de bens de consumo — uma Cooperativa. Apesar do escasso espírito associativo que se reco¬nhecia entre a comunidade ansianense, sobretudo após a falhada tentativa de sindicalismo agrícola (primeira década do século XX), alguns notáveis do concelho, entre os quais várias personalidades de Chão de Couce, constituíram uma COOPERATIVA DE CONSUMO no concelho de Ansião, que teve como primeiro Presidente da Direcção, uma figura ligada intimamente a Chão de Couce — o Dr. Joaquim Cânova. Essa cooperativa foi uma das 338 fundadas em todo o país durante a Primeira República. Os seus primeiros Corpos Gerentes tiveram a seguinte constituição: Direcção — Dr. Joaquim Cânova (Presidente), Francisco Augusto de Sousa (Secretário) e Prof. José Maria Vaz; Conselho Fiscal — Alberto Mendes Lima (Presidente), P.e Manuel Pedro Sousa Ribeiro e António Rodrigues Raposo; Assembleia Geral — Dr. Adriano Rego (Presidente) e José Maria Coutinho (Secretário). As testemunhas da escritura foram os Padres António Rodrigues Bartolomeu e Abílio Fernandes de Sousa Ribeiro. Outros sócios fundadores desta Cooperativa foram o Dr. Botelho de Queirós, António Crisóstomo dos Santos e Henrique da Costa Ribeiro.
Na década de 1930, o jornal Novo Horizonte anuncia como os maiores comerciantes da freguesia de Chão de Couce, desse tempo, os seguintes: Alberto Medeiros, António Fernandes de Sousa Ribeiro, Francisco Gomes da Silva, João Pedro de Sousa e Manuel Florindo Júnior.
Já muito próximo do nosso tempo foi inaugurado o Mercado de Chão de Couce e surgiram alguns eventos de carácter comercial e promocional desta freguesia, de que são exemplos as Feiras de Gastronomia e a Mostra de Actividades Económicas e Artesanato.
O Mercado de Chão de Couce foi inaugurado no dia 8 de Agosto de 1993, com a presença do Presidente da Junta de Freguesia, o Presidente da Câmara de Ansião e de Frei Acílio que benzeu as novas instalações. Embora não se trate de uma obra grandiosa, ela permitiu que, a partir de então, compradores e vendedores passassem a desfrutar de melhores condições de higiene. O Mercado fica próximo da Igreja de Chão de Couce, e foi edificado em terreno oferecido para o efeito por Alberto António.
A situação actual, no que respeita ao comércio, ocupando nesta actividade cerca de um terço da população activa, evidencia um maior dinamismo, a que não é estranho o facto da Zona Industrial de Ansião se situar no Camporês, totalmente dentro da freguesia de Chão de Couce.